Saudamos os dez anos de fundação da Socicom, Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação, concebida pelo professor José Marques de Melo para promover o diálogo sobre os grandes temas do campo da Comunicação, e também para representar, de modo articulado, as suas filiadas frente aos órgãos públicos e privados, tendo em vista o estabelecimento de políticas públicas e a democratização da Comunicação no País.
A trajetória e o leque de realizações da Socicom, nesta primeira década, estão contemplados nas manifestações de Margarida M. Krohling Kunsch (Disponível em http://www.socicom.org.br/234-ponto-de-vista-51/1234-10-anos-da-socicom-surgimento-percurso-e-conquistas) e Maria Cristina Gobbi (Disponível em http://www.socicom.org.br/240-ponto-de-vista-52/1256-socicom-uma-decada-a-servico-da-comunicacao-no-brasil). Destacamos a seguir as iniciativas da Comissão de Assessoramento de número 2, coordenada em parceria com Ruy Sardinha Lopes, para o propósito da “articulação de ação junto à sociedade civil com vistas à contribuição da área de Comunicação para políticas públicas”.
A Comissão manteve interlocução produtiva com as filiadas, que apontaram para a necessidade de uma presença mais forte da academia na relação com os movimentos da sociedade civil organizada e com o governo. As temáticas elencadas foram priorizadas nas discussões, seminários e publicações organizadas.
Para alinhar-se a iniciativas em curso que já lutavam pela aprovação de um marco civil para a Internet, a Federação estimulou as associações que ainda não estavam representadas a pleitearem vaga da Sociedade Civil, com voz e assento, em órgãos consultivos e deliberativos como o Conselho Consultivo do Rádio Digital, o Conselho Curador da Empresa Brasileira de Comunicação e o Colégio Eleitoral do Comitê Gestor da Internet do Brasil.
Outra ação foi ao encontro do Fórum de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas para protestar contra a fusão entre o CNPq e a Capes, do Ministério das Comunicações com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a alocação do CNPq e da FINEP na Coordenação Geral de Serviços Postais e de Governança e Acompanhamento de Empresas Estatais e Entidades Vinculadas, e para a manutenção e atualização do Portal de Periódicos da Capes.
Os temas abordados e as atividades desenvolvidas estão registrados em publicações digitais organizadas pela Comissão 2: a série SOCICOM Debate (Disponível e com acesso gratuito em http://www.socicom.org.br/2014-08-27-14-47-48/2014-10-14-17-55-23/serie-socicom-debate) foi concebida para promover discussões importantes para o fortalecimento do campo da Comunicação, oferecendo espaço aos membros das associações filiadas à Federação, pesquisadores e profissionais da área, para exporem as suas ideias. Outra obra editada é SOCICOM Entrevista (Disponível em http://www.socicom.org.br/2014-08-27-14-47-48/2014-10-14-17-55-23/serie-socicom-entrevista) com a proposta de formular questões à personalidade do cenário acadêmico.
O primeiro número SOCICOM Debate a “Democratização da Comunicação” (2014) com abordagens que refletem a pluralidade do campo acadêmico e das respectivas expertises das associações científicas filiadas. Os cinco textos que compõe a edição pautam diálogos que precisam ser travados com o Estado, na presença e com a participação da sociedade civil.
A realização do II Fórum SOCICOM-INTERCOM, proposto para discutir “A comunicação pública”, coincidiu com o agravamento da crise na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), o que fomentou ainda mais as manifestações, parte delas registradas no segundo volume SOCICOM DEBATE: “A comunicação pública em questão: crise na EBC” (2016).
SOCICOM Entrevista: Sérgio Mattos (2014) apresenta as reflexões do acadêmico sobre poder político e poder econômico no campo das comunicações, com destaque para o período do regime militar (1964-85) e sua interferência no jornalismo. O conteúdo contempla ainda questões sobre a censura exercida diretamente sobre o conteúdo ou via publicidade governamental, e as relações que aqueles governos estabeleceram com as empresas de rádio e televisão e que se refletem ainda hoje sobre a organização do sistema de mídia do Brasil.
Diante do atual cenário político-econômico, acreditamos que novos desafios estão postos à Socicom e às suas filiadas nos próximos anos. Só a força coletiva será capaz de agir e resistir aos despropósitos de minguar a educação superior de qualidade, de ceifar a pesquisa, a Ciência e a Tecnologia. A Federação deve seguir respaldando o debate de temas aderentes e sensíveis à área, participando ativamente da construção de instrumentos legais e políticas públicas capazes de implementar as mudanças que se fazem necessárias na Comunicação Social brasileira.
Maria Berenice da Costa Machado é Professora Associada da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Fabico-UFRGS). Representou a Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (Alcar) na diretoria da Socicom 2012/14 e 2014/16.
Artigo publicado 2018 por ocasião dos 10 anos da Socicom.