/I Seminário de Integração Institucional Socicom (2009)

I Seminário de Integração Institucional Socicom (2009)

A realização do “Seminário de Integração Institucional” , promovido pela SOCICOM no dia 16 de março de 2009, no auditório da Reitoria da UNESP, em São Paulo, sinalizou o fortalecimento do campo das ciências da comunicação no Brasil. Trata-se, aliás, da meta principal da federação nacional, cuja fundação foi decidida na cidade de Santos (SP) em 2007 e ratificada em Natal (RN) em 2008, com a finalidade de reunir o conjunto das sociedades científicas e associações acadêmicas Do Brasil.

Existem hoje no país quase duas dezenas de sociedades científicas que agrupam pesquisadores e professores na área de comunicação. Doze entidades aderiram à criação da SOCICOM e outras começam a se incorporar, numa demonstração de que a nossa comunidade acadêmica começa a dar passo decisivo para superar a fragmentação que a vem debilitando politicamente.

Até agora, na luta silenciosa pelas fatias do orçamento estatal destinado a ciência e tecnologia, cada entidade vem defendendo seus próprios interesses. Entretanto, as lideranças dessas associações, ao contentarem- se com a alocação de migalhas, deixam de perceber que a divisão da nossa área só favorece as áreas hegemônicas. Bem estruturadas e muito articuladas, elas têm sido capazes de apresentar projetos holísticos, com argumentos relevantes que influem na decisão das agências de fomento.

Ano a ano, a pesquisa em comunicação cresce nas universidades brasileiras. Mas as cotas de bolsas para iniciação científica, mestrado e doutorado permanecem estáveis, quase não abrindo oportunidades para a nova geração de pesquisadores. Da mesma forma, as verbas para pesquisa de campo ou de laboratório continuam a flutuar, nos mesmos patamares, por falta de projetos temáticos relevantes.

A criação da nossa federação nacional pode desempenhar papel estratégico no diálogo com os gestores de C&T. Pode também ajudar a identificar as demandas de interesse comum, nelas concentrando atenção para convencer os consultores científicos a dar-lhes prioridade.

O seminário de integração institucional, reunido na cidade de São Paulo, com a participação dos dirigentes das associações fundadoras e de outras em processo de filiação, avançou na elaboração de uma agenda consensual, que será posteriormente levada à consideração dos organismos financiadores e das autoridades federais.

Contudo, a meta mais ousada da SOCICOM está sendo alavancada, no próximo mês de abril, na Ilha da Madeira, Portugal. Ali se reunirão lideranças nacionais da Espanha, Portugal, Brasil, México, Argentina, Bolívia, Venezuela e de outros países hispano-americanos onde as ciências da comunicação conquistaram legitimidade nacional.

Cogita-se potencializar a presença ibero-americana na comunidade internacional da área, através do fortalecimento de uma rede mega-regional, destinada a cimentar os avanços investigativos em nosso espaço geopolítico, preservando e robustecendo nossa identidade cultural. Desta maneira, poderemos neutralizar a tendência vigente que mantém nossos países na órbita dos importadores de know how, quando muitas vezes dispomos de saber mestiço mais apropriado para nossas próprias realidades.

Superar o “complexo do colonizado” que nos atrela à legião dos deslumbrados com os modismos do “primeiro mundo” constitui o maior desafio a ser enfrentado.

O Brasil possui, indiscutivelmente, uma grande comunidade acadêmica no âmbito das ciências da comunicação, mas comporta-se como satélite do pensamento anglófono ou francófono, muitas vezes reciclado nos entrepostos regionais que ainda nos causam fascinação.

É bem verdade que não constituímos um corpo cognitivo homogêneo. Por isso, cabe às nossas lideranças estabelecer pontes que comuniquem o saber acumulado em cada disciplina – jornalismo, cinema, publicidade, relações públicas, semiótica, cibercultura, folkcomunicação, midiologia, comunicologia etc. – sem deixar de nutrir-se nos conteúdos gerados pelas humanidades e sem negligenciar ações estribadas nas tecnologias de ponta.

Este é o chamamento que a diretoria da SOCICOM fez aos participantes do referido seminário, consciente de que muito temos a fazer para ultrapassar o paroquialismo, logrando a unidade necessária para legitimar a comunicação como grande área do conhecimento.

Programação

8h30
Recepção aos participantes e entrega de pastas e documentos

9h
Abertura do seminário pelo presidente da SOCICOM – José Marques de Melo

9h05
Saudação aos participantes do seminário por Ana Silvia Médola (UNESP), vice-presidente da SOCICOM

9h10
Discurso inaugural de Hermann Jacobus Cornelis Woorwald, Reitor da UNESP

9h20
Palestra de José Castilho Marques Neto, Diretor da Edunesp, padrão de referência para as editoras universitárias brasileiras

10h30
Ato alusivo ao cinquentenário de jornalismo do professor Marques de Melo. Apresentação do seu novo livro “Vestígios da Travessia: da imprensa à internet” (Paulus/Edufal) por Antonio Carlos de Jesus (UNESP)

10h40
Coffee-break

11h
Comunidade Brasileira de Ciências da Comunicação: Identidades Institucionais
Coordenação: José Marques de Melo (Presidente da SOCICOM)

11h10
INTERCOM: Antonio Hohlfeldt

11h20
COMPOS: Ana Silvia Médola

11h30
ULEPICC: Anita Simis

11h40
SOCINE: Maria Dora Mourão

11h50
SBPJOR: Carlos Franciscato

12h
ABRAPCORP: Margarida Kunsch

12h10
FOLKCOM: Betânia Maciel

12h20
ALCAR: Marialva Barbosa

12h30
ABCIBER: Eugenio Trivinho

12h40
ABJC: Graça Caldas

12h50
FORCINE: Aida Marques

13h
FNPJ: Edson Spenthof

13h10-13h30
Comentários

13h30-14h30
Intervalo

14h30
Convergências estratégicas das ciências da comunicação no biênio 2009/2010
Coordenação: Antonio Carlos de Jesus (UNESP)

a) metas institucionais – José Marques de Melo

b) integração nacional – Elias Machado

c) cooperação internacional – Margarida Kunsch

d) difusão científica – Ana Silvia Médola

e) desafios organizacionais – Anita Simis

15h30
Debate crítico e apresentação de propostas sobre três questões estratégicas
Coordenação: Ana Silvia Médola (UNESP), vice-presidente da SOCICOM

a) O que as sociedades científicas podem fazer para o reconhecimento da comunicação como grande Área do conhecimento dentro do sistema nacional de C&T?

b) Como proceder para dar legitimidade à representação da Área nas agências de fomento científico e acadêmico (CAPES, CNPq, IBICT, MINC, MEC, FAPs etc.)?

c) Quais as ações necessárias para fortalecer a Área na comunidade mundial de ciências da comunicação?

17h30
Plenária para aprovação de recomendações finais
Coordenação: José Marques de Melo (presidente da SOCICOM)

18h
Encerramento

Serviço
Local: Auditório da Reitoria da UNESP
Tema: “Em busca de convergências acadêmicas no campo da comunicação”.
Período: 16 de março